Por Patricia Gebrim
A vida não acontece da mesma forma para todas
as pessoas. Para alguns de nós a vida mais parece uma sequência meio maluca de
coisas que vão acontecendo aleatoriamente, quase como se a pessoa, dona da
vida, não tivesse nada a ver com isso. Já com outras pessoas, a vida parece
ganhar um formato mais ordenado, como se fosse um quadro feito de imagens que,
antes de serem colocadas na tela, tivessem sido cuidadosamente concebidas na
imaginação do artista.
Para que sua vida seja uma obra de arte, é
preciso que você reconheça a si mesmo como o artista. Sim, você é o artista! E
um artista precisa de foco. Foco e paixão. Precisa ter o desejo, lá no fundo do
seu ser, de transpor para o mundo externo o que pulsa em seu íntimo. Precisa acreditar-se capaz de criar. Precisa
correr o risco de frustrar-se, e ainda assim continuar tentando. Essa
persistência é o que estou chamando de foco. Essa capacidade de continuar na
direção escolhida, a despeito dos resultados imediatos obtidos.
Eu me lembro de uma vez em que tentei fazer
uma escultura em um pedaço de madeira. Fiquei horas cavando aquele tronco que
encontrei no meio da mata. Mais horas pintando, acertando... e finalmente...
uma linda deusa esculpida, minha obra de arte! Mostrei à minha amiga, e ela
achou que eu tinha esculpido uma múmia! - que decepção!
A moça da limpeza me disse que tinha certeza
que minha escultura retratava uma bruxa, e o ascensorista afirmou, com
convicção, que eu tinha esculpido um porco!
Assim é a vida, muitas vezes.
Você consegue persistir, mesmo quando percebe
ainda estar longe de atingir o desejado objetivo? Mesmo ao perceber que a
diferença entre você e um escultor é de... anos luz? Consegue manter o foco no
que deseja, mesmo quando a vida não lhe dá tapinhas nas costas?
Pense por um momento em quais são as coisas
que você realmente deseja atingir. Um trabalho satisfatório? Um relacionamento
saudável? Uma casa de campo? Habilidades de mágico?
Seja lá o que for, o que lhe digo é que...
sem foco... nada feito! Sem foco você acabará desistindo no meio do caminho, às
vezes a um milímetro de finalmente atingir o que desejava. Desistir é abrir mão
da vida. Como fazem as crianças que cruzam os braços e dizem que já não querem
mais brincar.
São duas as suas opções.
Você pode continuar em frente, mesmo errando,
mesmo se perdendo de vez em quando, mesmo fracassando vez ou outra. Ou pode
desistir.
A seu escolha fará toda a diferença, não
apenas nos resultados obtidos, mas na forma como você gastará seu precioso
tempo de viver. Uma vida é muito mais significativa e interessante quando tem
foco, quando é vivida por alguém que acredita poder criar algo de belo, quando
nos sentimos entusiasmados e seguimos com perseverança.
Sabe... Me parece triste desistir. Acho
triste quando vejo pessoas que deixaram de acreditar, que pararam de tentar.
Cheias de justificativas, ficam lá, largadas no meio do caminho. Acho triste
pois, a meu ver, se seguimos em frente, mesmo que não encontremos o que
inicialmente procurávamos, com certeza fazemos de nossa vida uma linda
aventura, cheia de coisas para contar.
A vida não nos foi dada para ser economizada.
Qual é a graça de se ganhar uma vela e nunca acendê-la? De guardar as melhores
roupas para uma festa que nunca acontece?
Eu lhes digo o que penso. Se ganhamos de
presente esta vida, que sejamos capazes de vivê-la com verdade, até o final!
Patricia Gebrim é psicóloga.
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