Não é preciso muito esforço
para encontrar relatos de fraudes em empresas. No entanto, a crença de que “o
brasileiro é corrupto por natureza” é falsa, aos menos de acordo com o estudo
inédito da ICTS “O perfil ético dos profissionais nas corporações brasileiras”.
O levantamento mostra que apenas 11% das
pessoas têm perfil não aderente à ética organizacional, ou seja, não seguem o
código de ética da empresa. A má notícia é de apesar de 20% serem aderentes à
ética organizacional, outros 69% são flexíveis e podem atuar de forma ética ou
antiética de acordo com as circunstâncias.
De acordo com Renato Santos,
responsável pela pesquisa e gerente da unidade de negócio Análise de Aderência
à Ética Empresarial da ICTS, os números revelam a importância de as empresas
realizarem a gestão da ética de forma clara, contínua e pragmática. “O primeiro passo para a prevenção está na
seleção de pessoas com o perfil ético adequado por meio de ferramentas de
análise de aderência ética, diz. “Além deste filtro, é extremamente importante
influenciar de maneira positiva esta maioria que tem o comportamento flexível
com ações como a criação de um comitê de ética, canal de denúncia indepentende,
entre outras”, completa.
Para Santos, as empresas
brasileiras perceberam que a adoção da gestão da ética é fundamental não apenas
por uma adequação formal, mas também porque impacta no resultado financeiro
destas organizações ao evitar possíveis fraudes contábeis ou mesmo
favorecimento de fornecedores com orçamentos inadequados, por exemplo. “Outro
fator que tem feito aumentar a demanda pela gestão da ética é o Projeto de Lei
6826/10 batizado de Lei Anticorrupção que define a responsabilização administrativa
e civil de empresas que pratiquem atos contras a Administração Pública nacional
e estrangeira”, alerta.
O estudo da ICTS, empresa
brasileira com atuação no mercado de risco de negócios, foi realizado por meio
de 3.211 entrevistas quantitativas e qualitativas com profissionais de 45
empresas privadas nacionais. A pesquisa levou em conta o comportamento dos
profissionais diante de dilemas sobre a ética como a denúncia, convívio,
atalho, furto, suborno, presente e informação, além de analisar as variáveis de
gênero, maturidade, escolaridade, faixa salarial e hierarquia.
Abaixo, os principais
resultados do estudo divididos por cada um dos dilemas éticos abordados.
Denúncia - De acordo com a
pesquisa, 56% dos entrevistados somente denunciarão atos antiéticos cometidos
por colegas de trabalho se forem incentivados pela organização. As mulheres e
os níveis operacionais tendem a hesitar mais, 61% e 60%, respectivamente.
Convívio – Os dados mostram
que 52% dos profissionais tendem a conviver sem restrições com atos antiéticos,
sendo que o índice sobe para 55% e 59% para não graduados que ganham até R$ 3
mil por mês e níveis operacionais, respectivamente.
Atalho – Outro ponto abordado
no levantamento é a questão do atalho dentro das corporações. De acordo com os
resultados, 48% dos profissionais tendem a adotar atalhos antiéticos para
atingir suas metas, sendo que este índice chega a 50% no caso dos homens e a
53% em adultos (maiores de 34 anos).
Furto – Com relação ao dilema
ético do furto, 18% dos pesquisados admitem que furtariam valores consideráveis
da organização. O índice é mais alto para homens (21%), nível operacional (24%)
e não graduados (25%).
Suborno – Os dados apontam
também que 38% dos profissionais aceitariam suborno para beneficiar um fornecedor
dependendo das circunstâncias ou 43% para o caso de homens adultos não
graduados, onde o índice atinge seu nível mais elevado.
Presente – A aceitação de
presentes também foi levada em conta na pesquisa e 40% dos profissionais
beneficiariam um fornecedor em troca de brindes. No nível operacional a taxa é
elevada a 43%.
Informação – Segundo o
estudo, 28% dos profissionais tendem a utilizar informações confidenciais para
proveito próprio ou para terceiros, sendo que gestores adultos e graduados
(32%) são ainda mais propensos a este tipo de atitude.
Fonte:
UOL/Canal Executivo
Nenhum comentário:
Postar um comentário